segunda-feira, 25 de julho de 2011

Olhando as coisas simples

O guerreiro da luz sabe que, como dizem os tibetanos, “não é preciso uma experiência mística para descobrir que o mundo é bom”. Basta perceber as coisas belas e simples à sua volta.
Quando tem medo, o guerreiro concentra-se nos pequenos milagres da vida diária. Se é capaz de ver o que é belo, é porque traz a beleza dentro de si – já que o mundo é um espelho, e devolve a cada homem o reflexo de seu próprio rosto.
Embora conhecendo seus defeitos e limitações, o guerreiro faz o possível para manter o bom-humor nos momentos de crise. Afinal de contas, o mundo está se esforçando para ajudá-lo, mesmo que tudo à sua volta pareça dizer o contrário.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Fogo e a Fé

O mestre encontrou-se com os discípulos certa noite, e pediu que acendessem uma fogueira, para que pudessem conversar.
“O caminho espiritual é como o fogo que arde diante de nós”, disse.
“Um homem que deseja acendê-lo tem que se conformar com a fumaça desagradável, que torna a respiração difícil e arranca lágrimas do rosto. Assim é a reconquista da fé”.
“Entretanto, uma vez o fogo aceso, a fumaça desaparece, e as chamas iluminam tudo ao redor, nos dando calor e calma”.

A Sabedoria da Solidão

Desconfie daquele que vive na solidão; geralmente não está ali porque renunciou a tudo, mas sim porque nunca soube viver com os outros. 
Qual a sabedoria que podemos esperar deste tipo de gente?





terça-feira, 12 de julho de 2011

Adaptado do fabuloso Bhagavad Gita (Capítulo II, 16-26):

“O homem não nasce, e também nunca morre. Tendo vindo a existir, jamais deixará de fazê-lo, porque é eterno e permanente”.
“Assim como um homem descarta as roupas usadas e passa a usar roupas novas, a alma descarta o corpo velho e assume o corpo novo”.
“Mas a alma é indestrutível; espadas não podem cortá-la, o fogo não a queima, a água não a molha, o vento jamais a resseca. Ela está além do poder de todas estas coisas”.
“ Como a alma do homem é indestrutível, ela é sempre vitoriosa, e por isso não deve lamentar-se jamais.
“Que o teu objetivo seja tua ação, e nunca a recompensa dela”

Adaptação: Paulo Coelho

domingo, 10 de julho de 2011

O vaso de porcelana

O Grande Mestre e o Guardião dividiam a administração de um mosteiro zen. Certo dia, o Guardião morreu e foi preciso substituí-lo.
O Grande Mestre reuniu todos os discípulos para escolher quem teria a honra de trabalhar diretamente ao seu lado.
- Vou apresentar um problema – disse o Grande Mestre. – E aquele que o resolver primeiro, será o novo Guardião do templo.
Terminado o seu curtíssimo discurso, colocou um banquinho no centro da sala. Em cima estava um vaso de porcelana caríssimo, com uma rosa vermelha a enfeitá-lo.
- Eis o problema – disse o Grande Mestre.
Os discípulos contemplavam, perplexos, o que viam: os desenhos sofisticados e raros da porcelana, a frescura e a elegância da flor. O que representava aquilo? O que fazer? Qual seria o enigma?
Depois de alguns minutos, um dos discípulos levantou-se, olhou o mestre e os alunos a sua volta. Depois, caminhou resolutamente até o vaso, e atirou-o no chão, destruíndo-o.
- Você é o novo Guardião – disse o Grande Mestre para o aluno.
Assim que ele voltou ao seu lugar, explicou:
- Eu fui bem claro: disse que vocês estavam diante de um problema. Não importa quão belo e fascinante seja, um problema tem que ser eliminado.
“Um problema é um problema; pode ser um vaso de porcelana muito raro, um lindo amor que já não faz mais sentido, um caminho que precisa ser abandonado – mas que insistimos em percorrê-lo porque nos traz conforto”.
“Só existe uma maneira de lidar com um problema: atacando-o de frente”.
Nessas horas, não se pode ter piedade, nem ser tentado pelo lado fascinante que qualquer conflito carrega consigo.

Paciência

O grande escritor grego Nikos Kazantzakis (“Zorba, o Grego”) conta que, quando criança, reparou num casulo preso a uma árvore, onde uma borboleta preparava-se para sair.
Esperou algum tempo, mas – como estava demorando muito – resolveu acelerar o processo, e começou a esquentar o casulo com seu hálito. 
A borboleta terminou saindo, mas suas asas ainda estavam presas, e terminou por morrer pouco tempo depois.
“Era necessária uma paciente maturação feita pelo sol, e eu não soube esperar”, diz Kazantzakis. “Aquele pequeno cadáver é, até hoje, um dos maiores pesos que tenho na consciência. Mas foi ele que me fez entender o que é um verdadeiro pecado mortal: forçar as grandes leis do universo. É preciso paciência, aguardar a hora certa, e seguir com confiança o ritmo que Deus escolheu para nossa vida”.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Aprenda a cuidar de si mesmo

O discípulo se aproximou do mestre:
Durante anos busquei a iluminação”, disse. “Sinto que estou perto. Quero saber qual o próximo passo”.
“E como você se sustenta?”, perguntou o mestre.
“Ainda não aprendi a me sustentar; meu pai e minha mãe me ajudam. Entretanto, isto são apenas detalhes”.
“O próximo passo é olhar o sol por meio minuto”, disse o mestre.
O discípulo obedeceu. Quando acabou, o mestre pediu que descrevesse o campo à sua volta.
“Não consigo vê-lo, o brilho do sol ofuscou meus olhos”, respondeu o discípulo.
“Um homem que apenas busca a luz, e deixa suas responsabilidades para os outros, termina sem encontrar a iluminação. Um homem que mantém os olhos fixos no sol termina cego”, comentou o mestre.

domingo, 3 de julho de 2011

Construir ou Plantar

Cada pessoa, em sua existência, pode ter duas atitudes: construir ou plantar.
Os construtores podem demorar anos em suas tarefas, mas um dia terminam aquilo que estavam fazendo. Então param, e ficam limitados por suas próprias paredes. A vida perde sentido quando a construção acaba.
Os que plantam sofrem com as tempestades, as estações e raramente descansam. Mas, ao contrário de um edifício, o jardim jamais pára de crescer. E, ao mesmo tempo que exige a atenção do jardineiro, também permite que, para ele, a vida seja uma grande aventura.

Atitude de um Sábio

O abade Abraão soube que perto do mosteiro de Sceta havia um ermitão com fama de sábio. Foi procurá-lo e perguntou:
- Se hoje você encontrasse uma bela mulher em sua cama, conseguiria pensar que não era uma mulher?
- Não – respondeu o sábio -, mas conseguiria me controlar.
O abade continuou.
- E se visse moedas de ouro no deserto, conseguiria ver este ouro como se fossem pedras?
- Não – disse o sábio- mas, conseguiria me controlar para não pegá-lo.
Insistiu o abade Abraão:
- E se você fosse procurado por dois irmãos, um que o odeia, e outro que o ama, conseguiria achar que os dois são iguais?
Disse o sábio:
- Mesmo sofrendo por dentro, eu trataria o que me ama da mesma maneira que o que me odeia.
- Vou lhes explicar o que é um sábio – disse o abade aos seus noviços, quando voltou.- É aquele que, em vez de matar suas paixões, consegue controlá-las.